sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O rápido declínio do livro em papel


Para os que assistiram na tv, na década de 60, a série clássica Jornada nas Estrelas, os dias atuais são um verdadeiro filme de ficção científica transformado em realidade.

Basta lembrar dos famosos "comunicadores", largamente superados pelos nossos celulares e smartphones. Havia também as portas automáticas que, na época, nos parecia uma coisa impossível. Hoje, qualquer Shopping Center tem.

Um dos episódios se chamou "Corte Marcial". O capitão Kirk é acusado de matar um subordinado, o oficial de registros, tenente-comandante Ben Finney. Kirk vai a uma corte marcial e precisa provar sua inocência. Seu advogado, Samuel T. Cogley, é considerado um excêntrico, pois usa livros em papel.

Na cena em que o capitão se encontra com esse advogado, ele vê aqueles objetos sobre a mesa e pergunta algo como "o que são essas coisas?".

Na época, a cena pareceu bastante exótica. Mas o tempo dos livros em papel começa a acabar.

Agora os volumes em papel já têm um concorrente, o eBook. Na Amazon, por exemplo, o montante em dinheiro com vendas de eBooks já superou o de livros em papel. E lembremo-nos que os eBooks têm um preço unitário que é uma fração do preço do livro em papel. Ou seja, para que o eBook tenha ultrapassado o livro, a quantidade de eBooks vendidos teve que ser realmente muito, muito maior que o total de unidades vendidas de livros em papel.

Em agosto, durante um evento de tecnologia nos EUA, o cientista estadunidense Nicholas Negroponte decretou que o livro físico desaparecerá, como produto, em 5 anos. Ele ficará restrito a aficcionados, continuará a ser consumido em bolsões culturais. Mas como indústria, não será mais significativo.

Bem, é difícil prever o tempo que levará para o livro em papel deixar de ser relevante para a indústria. Mas uma coisa é certa: esse tempo chegará. Pode vir lentamente, como os CDs de música que, gradualmente foram tomando o lugar dos antigos LPs nas prateleiras das lojas de discos. Mas pode vir aceleradamente, como as câmeras fotográficas digitais substituíram as "antigas" câmeras com rolo de filme.

Essas recentes mudanças tecnológicas têm sido muito traumáticas para as cadeias produtivas associadas a elas.

O CD de música, que chegou tão mansamente, pedindo licença com toda a educação, foi destruído com fúria pela pirataria das músicas na internet. Gravadoras fecharam, estúdios faliram, músicos iniciantes tiveram suas carreiras cortadas.

Com o advento da foto digital, o pequeno comércio representado pelos laboratórios fotográficos foi violentamente abalado. Muitos faliram. Os fabricantes de filmes em rolo foram pegos de surpresa. Acabaram fechando o setor ou reduzindo drasticamente, mantendo apenas produção suficiente para atender à pequena demanda dos consumidores que ainda teimam em fotografar à moda antiga.

Aparentemente, com os livros, a subsituição do papel pelo formato digital será suave, pois muitos consumidores ainda gostam de sentir "o cheiro do livro". Meno male. Isso dará tempo às editoras para se adaptarem sem traumas ou abalos financeiros.

No entanto, aqueles editores que deixarem para amanhã ou depois de amanhã a entrada nesse novo mundo, acabarão por pegar um mercado já ocupado, terão que lutar mais duramente por um lugar ao sol.


Tecnologia nacional - é preciso ter

Image: anankkml / FreeDigitalPhotos.net
O Brasil - e, de resto, toda a América Latina - precisa urgentemente desenvolver uma tecnologia digital nacional. Isso se torna mais evidente quando vemos os avanços tecnológicos de nosso país em outras áreas.

Vejamos, por exemplo, a prospecção de petróleo: a Petrobras tem firmado contratos em todo o mundo para prospecção, utilizando robôs.

Num outro setor, o de produção agrícola, temos a Embrapa realizando pesquisas de ponta. Resultado: somos uma das referências no mundo em várias modalidades de produção agrícola. Estamos levando, inclusive, essa tecnologia para a África, o que é muito importante pois, segundo analistas, a China tem o objetivo de ser influência hegemônica naquele Continente. Se isso ocorrer, perderemos um gigantesco mercado potencial.

E na produção de computadores, sejam eles computadores de mesa, netbooks, notebooks, smartphones ou tablets? Nessa área ainda estamos engatinhando. O que podemos fazer para começar a caminhada rumo ao domínio dessas tecnologias? Os primeiros passos já estamos dando: conforme noticiamos neste site-blog, o governo está realizando os acertos legais para que 25 empresas produzam tablets aqui. Dessas, quatro já estão produzindo.

Dessa forma, os engenheiros e técnicos brasileiros poderão compreender e assimilar essas tecnologias para, num futuro próximo, começarmos a gerar nossas próprias contribuições nessa área.

Além disso, é preciso construir ainda mais escolas técnicas e superiores, e aprimorar o ensino em todas as áreas. É preciso aproveitar esse momento em que EUA e Europa estão em forte crise. Como dizem os chineses, crise é oportunidade. E eles não apenas dizem isso, mas aplicam na prática...



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tecnologia - notícias estimulantes

Comecemos este artigo com notícias da banda larga:

PNBL chega a 92 cidades do Ceará em outubro


Uma parceria entre a Telebras e a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) viabilizará a conexão à Internet de 92 cidades do estado a partir do próximo mês. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (22.09) pelo presidente da Telebras, Caio Bonilha, durante debate sobre o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) e perspectivas para a universalização do serviço realizado na Universidade de Brasília.
A parceria foi firmada no último dia 31 de agosto e envolve 2,5 mil quilômetros de fibras da Etice instaladas no Cinturão Digital do estado, bem como fibras ópticas que estão nas linhas de alta tensão da Chesf. Segundo Bonilha, nesta semana ocorreu a interligação da rede de ambas as empresas e está em definição qual delas fará a comercialização junto aos provedores de internet que atuam nas 92 cidades contempladas. Para o presidente da Etice, Fernando Carvalho, a iniciativa evita a duplicação de esforços e possibilita ampliar o acesso à banda larga de qualidade no estado.

Durante o debate, o presidente da Telebras destacou o papel dos pequenos provedores de internet que são principais parceiros responsáveis pela conexão dos usuários finais atendidos pelo PNBL. Ele lembrou que apesar de ocupar apenas 10% do mercado, o segmento emprega, direta ou indiretamente, entre 120 e 130 mil pessoas no país. “Os pequenos provedores são os que desenvolvem a banda larga na franja das grandes cidades e no interior do país”, disse.

A notícia completa está aqui. Aliás, comentário en passant: o preço das ações da Telebras subiram quase 100% em 40 dias, mostrando que o mercado sabe e/ou espera que a expansão da empresa seja expressiva nos próximos meses.

Combine-se esta informação alvissareira com esta outra:

25 empresas querem fabricar tablets no Brasil

Pouco tempo depois de afirmar que os primeiros tablets fabricados no Brasil com base na MP que reduz impostos chegarão ao mercado em setembro, Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, disse hoje (12/8/2011) que 25 empresas já manifestaram interesse em produzir esse tipo de dispositivo no país.

De acordo com Mercadante, entre as companhias que fazem parte desta lista estão: Apple, Itautec, LG, Motorola, Positivo, Samsung e Semp Toshiba. Das 25 empresas, 9 já estão praticamente licenciadas, indicando que a sua produção poderá começar em breve: AIOX, Envision, LG, Motorola, MXT, Positivo, Samsung, Semp Toshiba e Sanmina-SCI.

O ministro espera que o mercado brasileiro já conte com tablets produzidos nacionalmente nas festas de fim de ano: “vai ser abundante [a oferta] e eu acho que nós vamos ter, no Natal, muitas opções de qualidade, de preço, de formato. A concorrência é o melhor caminho para o consumidor usufruir [de um produto]”.

Leia esta informação aqui.

Combinando as duas notícias, concluímos que:

É o grande momento do Brasil (e do Mercosul) para se estabelecer fortemente no universo dos tablets, da internet universalizada e, por consequência, do eBook.

As pequenas editoras podem aproveitar esse momento para crescer como nunca antes...

Muito além do iPad

Crédito da imagem: twobee / FreeDigitalPhotos.net
Quando falamos em tablets, logo vem à mente de alguns: "iPad". É a força de uma marca, de um ícone, a Apple.

Mas nem só de iPads vive o mundo dos tablets. Há uma infinidade de marcas, umas mais famosas (Sony, por exemplo), outras menos.

Então, quando uma pequena editora ou um autor forem decidir sobre o lançamento ou não de uma obra em formato eBook, é preciso romper o paradigma de que Tablet = iPad.

Com todo respeito pela Apple e pelo seu ideólogo (agora em retiro) Steve Jobs, mas o iPad ganhou, nos últimos anos, concorrentes muito fortes.

Nos EUA, o iPad, segundo as estatísticas disponíveis, ainda domina 73% do mercado. Mas há um ano eram 83%. Uma queda expressiva...

O ponto fraco do iPad é, paradoxalmente, seu ponto mais forte: ele é um produto exclusivo, caro, chic. Se é exclusivo, então é excludente. A maioria da população não tem dinheiro para comprá-lo. E o exclui de sua lista de compras.

O sistema operacional da Apple também é exclusivo, ou seja, exclui os excelentes aplicativos disponíveis gratuitamente no mercado, e que rodam no sistema Android, que é administrado por um Comitê Internacional, como nós já mostramos aqui. Ou seja, quem tiver um iPad descobrirá que está impedido de baixar esses aplicativos que seus colegas têm. No fim, o tablet chic torna seu proprietário uma espécie de pária do mundo digital. Ele está isolado e cercado por arames farpados virtuais.

No Brasil, as estatísticas dizem que o iPad corresponde a 57% dos tablets vendidos em 2011. Ou seja, 43% já são de outros fabricantes.

Este site-blog se permite duvidar dessas estatísticas. Até porque elas não incluem, por exemplo, os tablets gratuitos que muitas instituições de ensino superior dão de presente aos alunos no ato da matrícula.

E duvido que as estatísticas incluam os milhares e milhares de tablets vendidos nas pequenas lojas de comércio eletrônico espalhadas pelo Brasil.

Então, que ninguém se engane: o tablet é, sim, um produto popular, embora o iPad não seja. E agora, com 25 empresas se dispondo a fabricar tablets em nosso país, o preço desses computadores de mão se reduzirá ainda mais. Então, como muitos estão prevendo, o próximo Natal será "o Natal dos tablets".

Estamos vendo surgir, diante de nossos olhos, centenas de milhares de leitores potenciais de eBooks. Bastará que as pequenas editoras saibam cativar esse público.

Software da semana - Blend & Paint


Nesta semana abordaremos não propriamente um software, mas sim o uso de um software, o Blender, para criar ilustrações. Trata-se do DVD Blend & Paint, vendido na loja oficial do Blender.

Blender é um software opensource (código aberto) e, portanto gratuito, para modelagem e ambientação 3D (1). Ou seja, com ele é possível criar paisagens, personagens e fazer um filme ou tirar uma "foto" desses ambientes imaginários. Para o eBook, isso vale ouro, pois agora não há mais o limite orçamentário para que um livro tenha ilustrações coloridas (o eBook é um outro mundo, completamente diferente do mundo dos livros feitos com a fibra vegetal chamada papel).

Futuramente falaremos mais do Blender nesta seção do site-blog. Por hora, vamos colocar em foco o DVD que ensina, de maneira simples e informal, a produzir maravilhosas ilustrações usando o Blender.

O DVD Blend&Paint está em inglês (o idioma da internet) mas, felizmente, as instruções não estão em áudio, mas sim por escrito. Não deixa de ser um eBook, aliás, muito agradável. Imagine-se como as futuras gerações terão mais facilidade no aprendizado e irão muito mais longe nos seus conhecimentos tendo à mão esse tipo de recurso.

O autor do trabalho, David Revoy, foi diretor de arte do filme Sintel, um curta-metragem feito com o Blender (só com o Blender). Ele explica, no entanto, que as técnicas que ele ensina neste DVD não exigem que a pessoa seja um desenhista. Afinal de contas, o software fará o trabalho de definir os traços. Caberá ao ilustrador basear-se nesse "rascunho" para completar as imagens.

O DVD acaba nos ensinando, também, a trabalhar com o próprio software Blender, uma das mais poderosas ferramentas 3D disponíveis no mercado.

Aqui está um vídeo de apresentação do DVD. Esse vídeo é como que uma prévia do próprio DVD. Ao assisti-lo, você notará que o inglês utilizado é limpo e conciso, facilitando a vida de quem não tem tanta familiaridade com esse idioma.

As imagens são muito bonitas e, mais do que isso, são aconchegantes e carinhosas. Pode-se vislumbrar como um eBook (ou livro em papel) pode ficar mais atraente ao consumidor caso tenha imagens de qualidade como as mostradas...



Blend&Paint pode ser adquirido neste endereço.

 (1) - Não confundir ambientação 3D com o efeito 3D do cinema, que exige o uso dos óculos especiais. Estamos falando de paisagens criadas no computador.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O eBook, eliminando os intermediários


As pequenas editoras precisam, rapidamente, se organizar para entrar no mercado de eBooks. Uma das coisas que elas terão a ganhar é o contato direto entre a editora e o leitor, sem intermediários. Essa é, inclusive, uma das características da internet, ou seja, uma conexão direta entre a empresa e o consumidor.

No caso da edição de livros em papel, há dois intermediários importantes, que podemos chamar de parceiros das editoras: a gráfica e a distribuidora. A gráfica arca com o maior custo do livro, que é o custo físico, ou seja, tinta e papel. É até injusto classificá-la como "intermediário". Quem já teve uma gráfica, mesmo que pequena, sabe o alto preço das máquinas. No caso de grandes empresas, esse custo chega a vários milhões. Tinta para impressão offset também é muito cara. O papel, apesar da isenção de ICM, também tem um custo expressivo. As pequenas editoras tem que ser muito agradecidas àquelas almas corajosas que se aventuraram a abrir uma indústria gráfica, quando poderiam ter aberto empreendimentos em outras áreas onde o lucro é mais fácil e rápido.

A gráfica continuará sendo uma parceira da editora ainda por muitos anos, pois o livro em papel ainda terá seu exército de aficcionados por longo tempo.

Outro intermediário fundamental para o livro em papel é o distribuidor. É ele que faz aquele trabalho de formiguinha que consiste em levar o livro aos mais distantes rincões do Brasil. Não é uma tarefa fácil, pois como somos, ainda, um país de poucos leitores, é comum que uma livraria lá do interior do Ceará peça à distribuidora dois exemplares de um título, e mais um daquele outro título. Ou seja, não há a vantagem da quantidade, que ajudaria a distribuidora a reduzir seus custos.

Quando o editor reclama da distribuidora, dizendo que o preço pago pelo livro é muito baixo, deveria pensar melhor e refletir nos custos de armazenamento, de envio, de telefonemas, da comissão de venda, e outros com os quais o distribuidor tem que lidar para se manter "no azul".

Mas, no caso do eBook, não há esse dois intermediários. O pequeno editor pode oferecer diretamente em seu site os títulos, estabelecendo uma comunicação direta com os leitores.

A pequena editora precisa aproveitar as vantagens de ser pequeno e fazer aquilo que as grandes editoras não conseguem: estabelecer um canal de comunicação personalizado com seus leitores. Com o advento do eBook, isso é não só possível. É também necessário para ocupar um lugar nesse mercado emergente.

A eliminação do custo de gráfica e do custo de distrubição permite que o preço do eBook se reduza drasticamente para, digamos, 30% do livro em papel, ou até menos. Mas isso só valerá a pena se ambos, autor e editora, ganharem na quantidade.

O que coloca a questão primordial dos negócios (e da humanidade): é preciso comunicação. É preciso que o leitor se sinta valorizado. É preciso que também os autores se sintam prestigiados e estimulados a escrever mais.

Sobre a questão da venda do eBook falaremos em outros artigos deste site-blog.



Tecnologia - notícias estimulantes

Comecemos este artigo com notícias da banda larga:

PNBL chega a 92 cidades do Ceará em outubro


Uma parceria entre a Telebras e a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) viabilizará a conexão à Internet de 92 cidades do estado a partir do próximo mês. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (22.09) pelo presidente da Telebras, Caio Bonilha, durante debate sobre o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) e perspectivas para a universalização do serviço realizado na Universidade de Brasília.
A parceria foi firmada no último dia 31 de agosto e envolve 2,5 mil quilômetros de fibras da Etice instaladas no Cinturão Digital do estado, bem como fibras ópticas que estão nas linhas de alta tensão da Chesf. Segundo Bonilha, nesta semana ocorreu a interligação da rede de ambas as empresas e está em definição qual delas fará a comercialização junto aos provedores de internet que atuam nas 92 cidades contempladas. Para o presidente da Etice, Fernando Carvalho, a iniciativa evita a duplicação de esforços e possibilita ampliar o acesso à banda larga de qualidade no estado.

Durante o debate, o presidente da Telebras destacou o papel dos pequenos provedores de internet que são principais parceiros responsáveis pela conexão dos usuários finais atendidos pelo PNBL. Ele lembrou que apesar de ocupar apenas 10% do mercado, o segmento emprega, direta ou indiretamente, entre 120 e 130 mil pessoas no país. “Os pequenos provedores são os que desenvolvem a banda larga na franja das grandes cidades e no interior do país”, disse.

A notícia completa está aqui. Aliás, comentário en passant: o preço das ações da Telebras subiram quase 100% em 40 dias, mostrando que o mercado sabe e/ou espera que a expansão da empresa seja expressiva nos próximos meses.

Combine-se esta informação alvissareira com esta outra:

25 empresas querem fabricar tablets no Brasil

Pouco tempo depois de afirmar que os primeiros tablets fabricados no Brasil com base na MP que reduz impostos chegarão ao mercado em setembro, Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, disse hoje (12/8/2011) que 25 empresas já manifestaram interesse em produzir esse tipo de dispositivo no país.

De acordo com Mercadante, entre as companhias que fazem parte desta lista estão: Apple, Itautec, LG, Motorola, Positivo, Samsung e Semp Toshiba. Das 25 empresas, 9 já estão praticamente licenciadas, indicando que a sua produção poderá começar em breve: AIOX, Envision, LG, Motorola, MXT, Positivo, Samsung, Semp Toshiba e Sanmina-SCI.

O ministro espera que o mercado brasileiro já conte com tablets produzidos nacionalmente nas festas de fim de ano: “vai ser abundante [a oferta] e eu acho que nós vamos ter, no Natal, muitas opções de qualidade, de preço, de formato. A concorrência é o melhor caminho para o consumidor usufruir [de um produto]”.

Leia esta informação aqui.

Combinando as duas notícias, concluímos que:

É o grande momento do Brasil (e do Mercosul) para se estabelecer fortemente no universo dos tablets, da internet universalizada e, por consequência, do eBook.

As pequenas editoras podem aproveitar esse momento para crescer como nunca antes...

Livro em foco - Vidas Cruzadas



Há muitos jovens autores e autoras que certamente se beneficiarão da mídia eBook. Neste post abordaremos um livro da Editora Sucesso, o Vidas Cruzadas, de Juliana Brandini, uma autora cheia de entusiasmo e que transmite esse entusiasmo neste seu romance.

Vidas Cruzadas retrata duas pessoas intensas que se encontram por um estranho acaso das linhas do tempo e do destino. Uma cineasta, Natasha, e um roqueiro, Edgar, se apaixonam devagar, gradualmente, e passam a viver um amor sincero e forte.

O livro põe a nu as idiossincrasias da sociedade e a hipocrisia da mídia sensacionalista, que deseja escândalos e, se puder, os fabrica para destruir um casamento entre famosos e, assim, gerar notícias nas colunas de fofoca. Natasha e Edgar lutarão com todas as suas forças para manterem-se unidos e superar as dificuldades.

O livro mostra o rock como um estilo de vida, mais do que um ritmo musical.

Fortes emoções, rock a mil e muitas lições de vida neste trabalho bastante original.


domingo, 25 de setembro de 2011

Como produzir um eBook de qualidade

Um eBook bem escrito, bem diagramado e bem revisado, se destaca na multidão.


Como este site-blog tem reafirmado, o advento do eBook está promovendo uma profunda transformação no mercado de livros.

Esta transformação é parte de um movimento maior que resulta da popularização dos computadores portáteis, sejam eles notebooks, netbooks, mas igualmente tablets e smartphones, os quais são também computadores, sem dúvida. Para os que (ainda) têm dúvidas sobre a classificação dos tablets e smartphones, basta lembrar que neles se pode navegar na internet, enviar e receber e-mails e acessar o Skype, Google Talk e MSN. Além de, claro, ler livros, muitos livros.

Um novo mercado se abre. Como ocupá-lo? Como produzir um bom eBook? Como comercializá-lo na rede?

Neste momento, o eBook ainda é considerado um livro digital. O próprio nome em inglês, eBook, significa livro eletrônico.É natural que seja assim agora, pois o ser humano, para classificar as coisas, sempre se baseia no que ele já conhece. Quando, no passado, algum moveleiro teve a ideia de fazer uma pequena mesa para colocar ao lado da cama, este móvel foi batizado de "criado-mudo", para que as pessoas conseguissem entender sua função e aceitá-la. O automóvel, em seus primórdios, causava muito medo nas pessoas. Por isso foi chamado de "carruagem sem cavalos", para que fosse gradualmente aceito.

Mas a mesinha ao lado da cama não é um criado. E o automóvel não é uma carruagem.Assim como o eBook não é um livro, dadas as amplas posibilidades que ele se nos oferece. Algumas delas:

- A mesma história pode ser contada do ponto de vista de vários personagens, e o leitor tem a opção de escolher um deles;

- O eBook pode conter links externos, que ajudem a ilustrar ou explicar melhor uma parte do texto;

- Em breve o formato epub, que está se tornando o formato universal para livros, permitirá a inclusão de sons e vídeos.

Junte-se a esses exemplos que, no eBook, é possível colocar ilustrações coloridas sem que o preço final se altere muito, já que se trata de um arquivo de computador.

Esses elementos enriquecem enormemeente o formato eBook, dando asas à imaginação do autor. E não estamos falando apenas de contos e livros ficcionais. Imagine-se as possibilidades de um livro didático, no sentido de torná-lo mais agradável, mais estimulante. Um eBook é uma forma nova de comunicação que alia as ferramentas do livro, da internet (os famosos links) da arte visual (fotos e imagens) e, em breve, do cinema, tv, rádio.

Se a internet é “a mídia de todas as mídias”, o eBook está, aos poucos, se tornando a essência dessa definição.

Com o crescimento do mercado do eBook, e consequente aumento da competição, os autores e editoras serão instados a usar TODOS os recursos que o formato eBook oferece, senão ficarão para trás na luta para conquistar o leitor.

Essa vocação do eBook para sintetizar todo o poder da comunicação digital encerra um grande poder. Uma ideia veiculada num meio de comunicação tão forte como um eBook, certamente se disseminará com rapidez e com pujança.

Mas para que o eBook tenha, de fato, essa potência, é preciso que ele apresente boa qualidade idiomática (revisão ortográfica e gramatical rigorosa) e qualidade na diagramação (que é diferente da diagramação de livro em papel), só para começar.

A premissa básca é que o livro agrade ao leitor. Nada substitui um bom conteúdo. Ao mesmo tempo, um livro bem escrito, mas que tenha uma apresentação sofrível, perde força,

Fato importante: no eBook o leitor navega, como se estivesse num site da internet.
O eBook tem que ser um arquivo navegável, isto é, o deslocamento pelas páginas e capítulos tem que ser facil, em poucos cliques. A leitura do eBook tem que ser agradável e lúdica.A boa navegabilidade depende, em grande parte, do formato do arquivo que contém o eBook.

Sobre formatos de arquivo para eBook

- O pdf é árido e cansativo, embora permita a inclusão de links, recurso que facilita, em parte, a navegação.Diversos manuais de softwares usam o formato pdf. Mas não recomendamos esse formato para eBooks.

- O formato flash (swf) é muito vistoso, com páginas virtuais que se dobram ao serem viradas, índice com links. Pode ser uma ótima alternativa. Mas tem sérios inconvenientes. Veja um exemplo de revista em flash aqui. Sobre o eBook em flash falaremos mais detalhadamente em outro post.

- O formato epub é o ideal. Permite boa navegação, boa diagramaçã. Além disso, é um formato aberto, isto é, não pertence a nenhuma empresa em particular. O formato epub é mantido e desenvolvido pela International Digital Publishing Forum (IDPF), um fórum internacional que inclui dezenas de membros, entre organizações sem fins lucrativos, editoras,  empresas de software e de hardware. Veja aqui a lista de membros participantes.

Continuaremos essa conversa sobre qualidade do eBook em outros posts, abordando mais especificamente diagramação e estética. E também, claro, falaremos sobre o comércio de eBooks, que é radicalmente diferente do comércio de livros em papel.


Em bom português - gerundismo

"Caso o senhor esteja efetuando a compra,
vou poder estar agendando para que seu produto
possa estar sendo entregue ainda esta semana."

Quantos de nós já não ouvimos essas barbaridades por telefone? Quantos de nós, influenciados por esse erro, passamos também a usar o gerúndio em nosso dia-a-dia?
- vou estar fazendo
- ao invés da construção correta - farei
Supõe-se que essa bobagem tenha se originado numa tradução meia-boca de texto em inglês. O fato é que ela se iniciou em São Paulo, um estado que peca por um forte colonialismo cultural em relação aos EUA. São Paulo é o estado onde um brasileiro abre uma academia e chama de "Body Fit". Onde um outro brasileiro abre um restaurante ITALIANO e o batiza de "Italian Food" (sic).
Independente da origem, aqui vai uma vacina para que não incorramos nesse erro, que alguns linguistas condescendentes classificaram como uma "construção heterodoxa", e não como erro.

Vou estar fazendo
- farei  √

Vou estar viajando
-
viajarei 

Vou estar enviando
-
enviarei 
etc.

O gerundismo se espalhou rapidamente há uns dois anos atrás, de São Paulo para quase todo o Brasil (excetuando-se Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, estados que primam por um português de qualidade).

Felizmente, essa desgraça foi tão combatida na internet e nos veículos de comunicação, que está praticamente extinta.



Truques e dicas - Android

 O sistema operacional Android


Segundo a Wikipédia:

Android é um sistema operacional móvel que roda sobre o núcleo Linux, embora por enquanto seja ainda desenvolvido numa estrutura externa ao núcleo Linux. Foi inicialmente desenvolvido pelo Google e posteriormente pela Open Handset Alliance, mas o Google é o responsável pela gerência do produto e engenharia de processos. O Android permite aos desenvolvedores escreverem software na linguagem de programação Java controlando o dispositivo via bibliotecas desenvolvidas pelo Google. Existem atualmente mais de 250 mil aplicações disponíveis para Android.

O sucesso do Android é inegável: milhões e milhões de smartphones e tablets são vendidos no mundo com esse sistema operacional. Estamos assistindo ao lento ocaso do Windows, que ficará restrito aos computadores de mesa que, no futuro, serão mais usados para trabalhar, enquanto os tablets e smartphones serão os instrumentos de comunicação social.

O Android, sendo gerido pelo conselho de empresas citado antes (Open Handset Aliance), é um sistema aberto, assemelhando-se em parte ao formato epub, que é o formato universal para eBooks. Também o Android tende a ser o formato universal para tablets, excetuando-se o Kindle, da Amazon, e o iPad, da Apple, que usam formatos proprietários, privativos de suas respectivas empresas.

Os sistemas proprietários tem seus limites, principalmente quando software e hardware formam uma dupla inseparável. Como, por exemplo, os computadores da Apple e o seu sistema operacional. Já os sistemas abertos acabam sendo mais democráticos, pois permitem que um eBook seja lido em vários modelos de gadgets.

O que ocorreu, na década de 90, com o Windows, que conquistou mais de 90% do mercado de sistemas operacionais, não se repetirá tão cedo. A tendência atual é de formatos abertos. Assim, o eBook em formato epub tende a se tornar o padrão mundial, assim como o sistema Android tende a se tornar o sistema operacional universal para tablets e smartphones.

domingo, 18 de setembro de 2011

O brasileiro lê pouco?


É comum que as pessoas repitam as frases estereotipadas sobre o Brasil sem pensar se elas são verdadeiras ou não. Num certo mês de janeiro, no passado próximo, o gerenciador desde site-blog estava em uma gráfica, conferindo a prova heliográfica de um livro que seria impresso ali. Em certo momento, o funcionário que me atendia soltou uma dessas frases hipnóticas:

- Pois é, o Brasil só começa a funcionar depois do Carnaval...
Ao que respondi:
- E você, está trabalhando em pleno mês de janeiro?
- Claro que sim! Vou ter que trabalhar até neste fim de semana!
- E a Gráfica, está todo mundo trabalhando?
- Sim, estamos cheios de serviço, não dá pra parar, não!
- E os ônibus que vem para este bairro? Os motoristas estão trabalhando normalmente?
- Ô, se tão! Peguei o ônibus hoje às 5:30 da matina!
- Eu também saí cedo - respondi - Fui à Biblioteca Nacional, um órgão público, e os funcionários estavam todos lá, trabalhando normalmente. Então, o Brasil já está funcionando antes do Carnaval, não é mesmo?
Ele ficou pensativo, por um momento, depois mudou de assunto. Será que saiu de seu transe hipnótico?

Outro paradigma é de que o brasileiro não lê. Mas será que essa também não é uma mentira que, repetida mil vezes, torna-se verdade, como pontificou o ministro da propaganda de Hitler?

Vejamos alguns dados: no Brasil temos cerca de 2500 a 3000 livrarias (não se sabe esse número com precisão). Ou seja, uma livraria apenas para cada dois municípios brasileiros. Esse dado é um indício de que os brasileiros leem poucos livros.

Mas sabemos que há outros pontos de venda, como os sebos. Temos cerca de 3000 sebos em todo o país. Então, somando-se as livrarias e os sebos, há um ponto de venda para cada cidade brasileira. As perspectivas já não parecem tão sombrias, não é mesmo? Ainda mais se imaginarmos que os sebos vendem uma quantidade muito maior de livros que as grandes redes de livrarias.

Um outro dado não pode nos passar despercebido: existem, no país, cerca de 30.000 bancas de revistas. São pontos de venda de livros, revistas, jornais, etc. As maiores são verdadeiras lojas de conveniência.

Portanto, temos 36.000 pontos de venda de publicações, entre livros, revistas e jornais. São cerca de 7 estabelecimentos para cada cidade brasileira. Um para cada 5.000 habitantes. O cenário agora parece bem mais propício à leitura, não é mesmo?

Ao visitarmos uma dessas bancas de revistas mais sofisticadas, vemos que há dezenas de revistas de tricô, dezenas de revistas de artes marciais (há uma de Ai-ki-dô e outra de Hap-ki-dô, lembrando-nos que são artes marciais diferentes). Há revistas de ciência, de religião, de variedades, de regimes, de fofocas, enfim, de uma infinidade de temas. É caso de se perguntar, como diz a música: Quem lê tanta notícia?

Se há público para tantas publicações, é porque o brasileiro lê, sim. Só lê poucos livros. Qual será o motivo dessa preferência por revistas e jornais? Neste espaço só podemos arriscar palpites:
- as escolas brasileiras (tanto as públicas como as particulares) não incentivam a leitura de livros além dos usados no currículo. As exceções confirmam a regra;
- ao ler jornais e revistas brasileiros, o público se acostumou à superficialidade que caracteriza a maioria das publicações.

Sobre esse segundo item, devemos lembrar que nosso jornalismo se espelha bastante no dos EUA, que segue uma linha de superficialidade. Lá, como aqui, evita-se ir muito fundo na análise das notícias, supostamente para não cansar o leitor. É um jornalismo feito para Homer Simpson. Um(a) jovem que comece sua experiência de leitura por esses jornais e revistas terá dificuldade de ler um livro um pouco mais longo, ou um pouco mais profundo. É uma questão de treinamento cerebral.

As publicações noticiosas, na Europa, sempre seguiram outra filosofia, totalmente diferente. Lá, os assuntos abordados são esmiuçados de forma mais detida e profunda, estimulando a reflexão do leitor. Não por coincidência, o índice de leitura de livros na Europa é bem maior do que o registrado nos EUA. Mas, lastimavelmente, a Europa começa, também, a enveredar pelos caminhos falaciosos da superficialidade, seguindo os cânones da mídia estadunidense.

A solução encontrada por alguns editores nos EUA para aumentar a venda de livros foi produzir livros superficiais, que se adequassem ao perfil do leitor, ao invés de tentar mudar para melhor esse perfil. Aqui também iremos pelo mesmo caminho?

Como já dissemos em outros posts desse site-blog, o eBook representa uma oportunidade de ouro para ampliarmos a quantidade e a qualidade do leitor brasileiro. Seu custo reduzido, sua facilidade de produção, podem ser a chance das pequenas editoras mostrarem a que vieram, ajudando a evolução do país.

Que os leitores de revistas tornem-se também leitores de livros.


Em bom português

As idiossincrasias do jornalismo

Em outro ponto deste espaço mencionamos que o jornalismo brasileiro segue o modelo de superficialidade e futilidade que impera no jornalismo dos EUA. Um dos resultados inevitáveis dessa opção é a degradação do idioma pátrio. Neste artigo abordamos alguns desses desastres linguísticos.

A praga do "conferir"

Quantas vezes já ouvimos, no rádio ou na tv, algum jornalista, referindo-se a algum espetáculo de arte, dizer:

- Vale a pena conferir.

Este site-blog considera essa frase uma bobagem, um cacoete, enfim, uma parvoice aureolada. Afinal, segundo o dicionário, o verbo conferir significa "verificar se está correto".
[Do lat. *conferere, por conferre.]
Verbo transitivo direto.
1.Ver se está certo; comparar, confrontar, verificar:
Levou longo tempo a conferir o recibo.
2.Dar, conceder, outorgar:
Na confissão o sacerdote confere o perdão dos pecados.
3.Jur. Trazer à colação; colar, colacionar.
Verbo transitivo direto e indireto.
4.Comparar; confrontar, cotejar:
Conferiu as provas com o original;
“Passei uma última vez pela Livraria José Olímpio, na Rua do Ouvidor, para conferir minhas recordações com os objetos que a elas estão ligados.” (Carlos Drummond de Andrade, Fala, Amendoeira, p. 49).
Algum crítico de arte, sabe-se lá há quantos anos, resolveu ser engraçadinho e usar o verbo conferir, ao invés de assistir, visitar, apreciar. E essa bobagem se espalhou rapidamente, tornando-se um modismo e, depois, um cacoete que persiste até os dias de hoje. Nunca use!! Se você já usou, ajoelhe-se em tampinhas de Crush. Viradas para cima, evidentemente.

O tempo instável, mas que é estável

- Hoje o dia será chuvoso na parte da manhã, à tarde e à noite. Teremos, portanto, tempo instável em todo o decorrer do dia.

Ora essa, se o tempo não mudará durante todo o dia, ele será estável, e não instável, já que, segundo o dicionário, instável é aquilo que não permanece igual.
instável

[Do lat. instabile.]
Adjetivo de dois gêneros.

1.
Não estável; inconstante, mudável, mutável:
Solo instável

2.
Volúvel, inconstante:
gênio instável.

3.
Móvel, movediço. [Opõe-se a estável.]
Portanto, o tempo será chuvoso durante todo o dia, mas não instável. Tempo instável é aquele momento de transição antes da chuva, quando o céu se acinzenta, prenunciando um temporal. Como a maioria dos jornalistas (salvo as honrosas exceções) tem um raciocínio, digamos, um pouco lento, dentro de uns 200 anos eles perceberão esse erro.

Língua culta e língua popular

Como o nível do ensino fundamental decaiu muito em vários estados do Brasil, os que teriam a função pública de zelar por um idioma culto, o desprezam.

Não se trata de menosprezar o falar do povo. Ao contrário, neste artigo publicado anteriormente já apresentamos um vídeo da Editora Abril que valoriza o idioma dos mais simples. Esse vídeo mostra que não se pode considerar "errada" a expressão linguística popular, pelo simples motivo de que o idioma é vivo e está em constante transformação. Essas mudanças são produzidas, justamente, pelas formas populares da língua que acabam se dicionarizando.

Jornalistas deveriam ser representantes do idioma culto. Mas, em geral, não são.

As letras mudas tem que ser mesmo mudas

Sabemos que todos podemos errar. Mas há um limite.  É comum ouvirmos, no rádio e tv, palavras brasileiras e estrangeiras que apresentam consoantes mudas serem pronunciadas de maneira arrevesada. Como, por exemplo:

Amisterdan, ao invés do correto, Amsterdan;
Tissunami, ao invés do correto, Tsunami;
adevogado, ao invés do correto, advogado;
piscicólogo, ao invés do correto, psicólogo;
opitar, ao invés do correto, optar;
abidicar, ao invés do correto, abdicar;
subissolo, ao invés de subsolo.
Uma dúvida: o que é um "piscicólogo"? Será um especialista em criação de peixes (piscicultura)? Ou um especialista em piscinas?


Ouve-se, na mídia, várias pronúncias pobres do mesmo tipo, na qual as letras mudas são destruídas. Não se sabe se é um problema cognitivo ou de fala. Ou ambos...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O eBook concorre com o livro em papel?


A resposta a essa pergunta exige uma análise mais detalhada sobre qual é o público do livro em papel e qual é o público do eBook.

Aqui no Brasil ainda não há, que se saiba, pesquisas sobre o público consumidor de eBooks, mas quanto ao livro em papel, temos a pesquisa abaixo, que nos apresenta dados reveladores. O leitor, no Brasil, ainda é uma pequena parcela da população. Se nos basearmos nesse fato, a resposta é sim, o eBook concorre com o livro em papel. Só que essa resposta não leva em conta um fator fundamental: o enorme potencial de expansão do mercado que o eBook tem, devido a seu preço reduzido e ao apelo sedutor dos tablets entre os jovens. O eBook pode ser um fator de expansão do público leitor em nosso país.

As editoras, no Brasil, ainda não se deram conta de que o preço do eBook deveria ser uma fração do preço do livro em papel. Ao pesquisar nos sites das grandes editoras, descobre-se absurdos como um eBook custando R$ 28,00 enquanto que o mesmo livro, em papel, custa R$ 31,00. Quem foi o gênio que colocou esse preço no eBook, quando se constata que no exterior há eBooks que, no lançamento, custam U$ 0,99? Talvez a intenção por trás dessa política de preços seja impedir que o eBook concorra com o livro em papel. Afinal, se os preços se equiparam, o livro em papel ganha, pois está mais consolidado como um produto, um objeto de consumo, na cabeça de grande parte dos leitores.

O Instituto Pró-Livro realizou uma pesquisa chamada Perfil do Leitor no Brasil, no ano de 2006. Provavelmente o cenário mudou, com a subida de 20 milhões de brasileiros da classe D para a classe C, o que representa sua entrada no mundo do consumo. Ainda assim, a pesquisa permanece atual, com certeza.

A pesquisa mostra a seguinte distribuição de leitores por faixa etária:



Faixa etária



Leitores em geral



Leitores de livros não indicados pela escola



5 a 10



16%



7% destes, ou seja,
1,12% da população nessa faixa



11 a 13



10%



12% destes, ou seja,
1,2% da população nessa faixa



14 a 17



13%



19% destes, ou seja,
2,47% da população nessa faixa



18 a 24



14%



35% destes, ou seja,
4,9% da população nessa faixa



25 a 29


8
%



33% destes, ou seja,
2,64% da população nessa faixa



30 a 39



14%



40% destes, ou seja,
5,6% da população nessa faixa



40 a 49


12
%



38% destes, ou seja,
4,56% da população nessa faixa



50 a 59



8%



38% destes, ou seja,
3.04% da população nessa faixa



60 a 69



3%



23% destes, ou seja,
6,9% da população nessa faixa



70 e +



2%



19% destes, ou seja,
3,8% da população nessa faixa

Constata-se, portanto, que a porcentagem de leitores que, espontaneamente, vão a uma livraria e compram um livro é muito pequena. Se a mentalidade for de disputar essa pequena porcentagem de brasileiros que gostam de ler livros, então não há dúvida, o eBook terá que disputar palmo a palmo o território antes dominado pelo livro em papel.
No entanto, se abrirmos nossas perspectivas e nos propusermos a ampliar o universo de leitores no Brasil, há todo um contingente a conquistar para a leitura, havendo espaço mais do que suficiente para a convivência pacífica entre o livro de papel e o eBook.

domingo, 11 de setembro de 2011

PDF não é eBook, e vice-versa

Cada objeto acima representa um eBook.
Responda rápido: dos eBooks representados, qual o que está em formato pdf?
A imagem acima é um pouco agressiva. Pedimos desculpas àqueles que já publicaram seus trabalhos, ou os de outrem, em formato pdf. Reconhecemos que, até há pouco tempo, não havia muitas opções. Os que foram pioneiros, encontraram um caminho ainda difícil e pedregoso. Por isso acabaram não tendo opção a não ser o formato pdf. Mas agora as coisas mudaram para melhor. 

Recentemente nós, da Editora Sucesso, pesquisamos os livros digitais à venda por uma grande rede de livrarias aqui do Brasil. Chamou-nos a atenção o fato de que havia, à venda, livros em formato pdf, o formato criado pela Adobe. Ora, pdf não é eBook, por diversas razões:

1- Ainda que seja aberto, o formato pdf pertence a uma empresa comercial, a Adobe Systems. Portanto, ele depende da Adobe para continuar existindo. Não é um formato de domínio público;

2- É um formato árido, não permitindo que a leitura de um documento pdf seja uma vivência agradável e prazerosa;

3- O público já se acostumou à ideia de que um arquivo pdf é gratuito, pois sempre foi assim.

Analisemos melhor os itens acima.

Sobre o item 1 - os padrões tem que ser universais

Façamos uma comparação com a moeda dos EUA, o dólar: após a segunda guerra (recuso-me a colocar esse termo em maiúsculas) a moeda estadunidense tornou-se padrão mundial, em substituição ao ouro. Agora que os EUA estão em forte crise, com sua moeda decaindo de valor, vários países enfrentam problemas de comércio internacional. O dólar se tornou um problema. O mesmo poderia acontecer se o pdf se tornasse um padrão para eBooks. Com todo respeito pela empresa Adobe, mas nos tornaríamos reféns de uma única companhia.
Só agora, timidamente, surgem software independentes capazes de ler em formato pdf. Um exemplo é o famoso Foxit Reader. Mas, ainda assim, o pdf segue sendo um formato proprietário.

Sobre o item 2 - a leitura deve ser agradável

Livro tem que gerar prazer, tem que ser uma boa experiência, mesmo quando se trata de um livro técnico, ou didático. O pdf tem uma grande limitação, nesse sentido, pois foi pensado para troca de documentos no mundo corporativo, e não para que uma pessoa se sentasse numa poltrona e lesse um arquivo de 300 páginas, uma após a outra. Mesmo quando lemos meia dúzia de páginas de um manual de instruções em pdf, a leitura se mostra cansativa e árida.

Sobre o item 3 - o valor e o preço na mente do consumidor

A pessoa cria o pdf de um documento em seu computador (com o PDF Creator, por exemplo), e simplesmente o remete por email. O paradigma pdf = grátis já está cristalizado na mente das pessoas. Isso é um convite à pirataria.

Chegamos a ver, numa grande rede de livrarias, um livro digital em formato pdf por R$ 98,00. Muitos poderão dizer: "O que? Eu tenho que pagar R$ 98,00 por um mero arquivo pdf?" De fato, é caro, mesmo que o formato não seja esse. Nas próximas semanas começaremos a discutir, aqui, o preço justo de um eBook. Mas gratuito é que não pode ser.

E qual o melhor formato, então?

Consideramos que o formato mais adequado é o epub, que está se tornando o formato universal para ebooks, permitindo a leitura em diversos aparelhos, tais como tablets, computadores de mesa, smartphones, etc.

O epub é um formato aberto, mantido e desenvolvido pela International Digital Publishing Forum (IDPF), um fórum que inclui dezenas de membros, entre organizações sem fins lucrativos, editoras, empresas de software e de hardware, inclusive a própria Adobe. Veja aqui a lista de membros.

É um formato em trajetória ascendente de desenvolvimento. Em breve será possível incluir, nesse formato, pequenos vídeos e arquivos de som, tornando a experiência da leitura muito mais rica e distanciando cada vez mais o eBook do livro em papel. Tornar-se-ão, mais e mais, categorias diferentes.

Para experimentar o formato epub, você pode baixar diversos softwares e ler, por exemplo, em seu computador de mesa ou notebook, além, claro, dos tablets e dos smartphones. Aqui duas opções de leitores:

- Adobe Digital Editions - você pode baixar o software leitor aqui (com a opção de manter ou não seu computador conectado ao site da Adobe). E depois pode baixar livros de domínio público gratuitamente na própria biblioteca da Adobe: http://www.adobe.com/products/digitaleditions/library/?promoid=DTEGZ

- Calibre eBook Management - simpático software livre para a leitura e o armazenamento de eBooks. Você pode, inclusive, organizar sua prateleira por assunto, por autor, etc. O site é http://calibre-ebook.com/

Como dissemos, o formato epub caminha para ser um formato universal, já que é mantido por uma organização que reúne empresas e associações do mundo todo, inclusive o Brasil.


Truques e dicas - Aldiko

Aldiko

O Truques e dicas desta semana traz muitos ensinamentos filosóficos-existenciais (!!) que ampliam nossa visão sobre a tecnologia dos dias atuais. Está tudo no pequeno gesto de baixar o Aldiko: convergência de mídias, facilidade de acesso, instantaneidade.

Nesta semana trazemos uma dica para usuário, e não para desenvolvedor. O Aldiko é um exemplo interessante de software para o sistema operacional Android, presente em smartphones e tablets.

Ele é gratuito, mas há uma versão luxuosa (Premium) que custa R$ 5,11 no Android Market.

Ao acessar esse site de vendas, é preciso fazer um login para baixar aplicativos. Nesse momento, caso você pense que não tem uma conta no Android Market, lembre-se que o sistema operacional Android foi inicialmente desenvolvido pelo Google e posteriormente pela Open Handset Alliance, mas a Google é a responsável pela gerência do produto e engenharia de processos. Resultado: se você tem um gmail, pode "logar" no Android Market com sua conta do gmail. Ou seja, convergência tecnológica.

Baixamos o pequeno software e ele nos oferece acesso a arquivos epub, que está se tornando rapidamente o padrão internacional para eBooks. Há muitos livros de domínio público nesse formato. Você pode baixá-los gratuitamente.

Como existem (ainda), circulando pela internet, muitos eBooks em formato pdf, você precisará convertê-los para formato epub. Isso é muito fácil no site http://www.2epub.com. Você pode converter arquivos de vários formatos (doc, docx, epub, fb2, html, lit, lrf, mobi, odt, pdb, pdf, prc, rtf, txt) para epub.

O programa já vem com vários títulos, mas todos em inglês... Quando é que vão descobrir o Brasil, um dos mais ávidos mercados do mundo para novas tecnologias?

Aqui vai um video oficial do aplicativo, que nos mostra porque os eBooks estão cativando cada vez mais pessoas:



O página do Aldiko é http://www.aldiko.com/features.html.


Fórum

O tablet na cabeça da moçada

eBook ou Facebook?


O gerenciador deste site/blog conversou com um professor universitário, dirigente de uma grande instituição de ensino superior. O assunto foi a febre dos tablets. Concordamos que é impressionante a velocidade com que os tablets estão se popularizando. No entanto, ele colocou em dúvida o lugar que o tablet ocupa na mente do consumidor. Nosso interlocutor observou que muitos jovens usam o tablet como se fosse um netbook e não leem eBooks. Preferem entrar no Facebook, Twitter, mandar e receber emails.

O Facebook cresceu 258% no Brasil em 2010 e continua crescendo aceleradamente. Talvez isso tenha relação com a venda de tablets. Aliás, a venda de computadores de mesa começa a desacelerar e perder espaço para os netbooks, notebooks e tablets.

Segundo o excelente site de notícias Teletime, "as vendas de tablets no Brasil devem alcançar a casa das 450 mil unidades neste ano, considerando tanto os equipamentos comercializados por varejistas e operadoras quanto os provenientes do chamado mercado cinza, de acordo com projeção da IDC. O número representa uma expansão superior a quatro vezes na comparação com os 100 mil aparelhos entregues em 2010. Para 2012, a expectativa da consultoria é que a quantidade de tablets vendidos no país mais do que dobre, saltando para cerca 1 milhão de aparelhos". Boa parte desses tablets vendidos são os mais baratos, com preços na faixa de R$ 150,00 a R$ 400,00, que utilizam o sistema Android.


Nesse contingente de compradores inclui-se a chamada classe média emergente, que anseia por inserir-se nesse fascinante mundo da internet e das comunicações. Mas também a classe média "tradicional". Nem uma nem outra tem o hábito de leitura de livros, como de resto os brasileiros não tem, embora tenham o hábito de ler uma enorme quantidade de revistas e jornais (assunto para matéria neste espaço em breve).


Não podemos culpar a classe média emergente por não ter o hábito de ler livros. Nem tampouco a classe média "tradicional". O que precisamos é estimular os jovens de todas as classes à leitura de livros, que não pode se confundir com a leitura de revistas e jornais. Estes, com todo respeito, são veículos superficiais, com um português sofrível e uma abordagem rasa dos assuntos dos quais tratam em suas páginas descartáveis.


Mas como estimular os jovens a ler se um livro de 150 páginas custa R$ 45,00, apesar da renúncia fiscal quase total que se mantém há décadas sobre o produto chamado livro? Aliás, por que esse preço tão alto se o imposto sobre os livros é praticamente zero? Será verdade o que se lê na mídia, que o chamado "custo Brasil" é, na verdade, "lucro Brasil", fruto da ganância de empresários irresponsáveis?


Seja qual for o motivo dos altos preços dos livros em nosso país, o fato é que o eBook veio para ficar. Os que ainda produzem livros em papel que tratem de baixar drasticamente os preços, pois o eBook tem um custo de produção que é uma pequena fração do custo de se produzir um livro.


É justamente no baixo custo do eBook que reside uma de suas maiores vantagens. O site da Amazon comercializa eBooks a preços como U$ 0,99, U$ 1,99, etc. Isso ainda assusta as grandes redes brasileiras de livros. Elas preferem preços bem próximos do preço do livro em papel. Mas isso é uma atitude irrealista. Aí está uma oportunidade para as pequenas editoras tomarem o mercado das grandes.


Se os jovens proprietários de tablets encontrarem eBooks a preços razoáveis, certamente poderemos ampliar enormemente a porcentagem de brasileiros que lerão livros com regularidade.

sábado, 3 de setembro de 2011

eBook e as pequenas editoras - parte 2

Os tablets virão como tsunami ou marolinha?


























Na primeira parte deste artigo, alertamos para a necessidade de que as pequenas editoras acelerem sua entrada no mundo dos eBooks. Pois bem, as notícias não param de chegar, indicando que é urgente uma tomada de decisão das editoras.

O Governo Federal lançou, esta semana, um programa de popularização de livros. O objetivo é tornar mais acessíveis e baratos livros impressos e em versões digitais (eBooks) e estimular toda a cadeia de produção de livros, passando por escritores e editores, e sobretudo pelos leitores. O projeto foi apresentado na tarde desta quinta-feira (1/9), na abertura da XV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.

Aliás, a XV Bienal pode ser chamada de Bienal de eBooks, tal é a quantidade de produtos eletrônicos e livros digitais oferecidos.

Anteriormente, um portaria do Governo reclassificou os tablets como computadores. Resultado: toda a isenção fiscal que abençoa a importação e comercialização de computadores se estendeu também aos tablets, permitindo uma grande redução de preços desses equipamentos. E faltam apenas 4 meses para o Natal...

Isso mostra que as editoras precisam ter uma política clara para o eBook. E elas tem que discutir essa política imediatamente. Deixar para depois pode significar que a editora ficará para trás num mercado extremamente aquecido como é o mercado de produtos digitais.

Um observador externo talvez fique com a seguinte dúvida: os tablets substituirão gradualmente os livros em papel (ao longo de décadas), como ocorreu com o CD substituindo o disco de vinil? Ou será como a tsunami que, em três anos, substituiu praticamente todas as máquinas fotográficas antigas por máquinas fotográficas digitais?

Seja qual for a resposta a essa pergunta, não há um minuto a perder. As editoras precisam entrar nesse mercado. Aliás, é uma enorme oportunidade para as pequenas editoras. Afinal, o eBook elimina vários custos do livro: impressão (deixa de existir), distribuição (passa a ser digital) e armazenamento (também digital). Desse ponto de vista, o eBook é o melhor dos mundos para uma editora, pois torna o livro muito mais acessível.

Por outro lado, os pontos negativos são: como controlar a quantidade de livros vendidos, caso essa venda se dê por uma grande distribuidora, como a Amazon, ou as grandes editoras nacionais, Saraiva e Cultura? E mais: como evitar ou, pelo menos, reduzir a pirataria?


Aguarde a parte 3 deste assunto.