terça-feira, 6 de março de 2012

As editoras não decifraram o eBook


Duas grandes revistas brasileiras são vendidas em formato eBook, para o iPad. Uma delas cobra R$ 3,99 por exemplar e outra R$ 4,99.

Esses preços são razoáveis? Façamos uma comparação: a revista Newsweek custa U$ 19,99 por UM ANO DE ASSINATURA. Parece até piada: R$ 4,99 por exemplar versus U$ 19,99 por UM ANO DE ASSINATURA.

As grandes editoras brasileiras odeiam o formato digital. Por isso, querem forçar o consumidor ao papel, como se fosse possível frear a revolução digital em curso. Esta é a oportunidade que as pequenas editoras precisam aproveitar. E até mesmo os autores independentes, caso as editoras - grandes e pequenas - continuem a fingir que as coisas continuam da mesma forma que eram no século passado.

Os preços do formato digital não podem estar baseados nos preços do formato em papel. Não é razoável pois o principal custo das publicações em papel está no próprio papel e na tinta. Eliminados estes dois, é possível reduzir dramaticamente os preços ao consumidor - como a Newsweek fez - e ganhar na quantidade.

Oferecer conteúdo digital por preços baixos é fundamental. Além de ser uma política mais inteligente do ponto de vista comercial, é uma atitude que permite acesso de mais camadas da população aos livros e revistas. Mas provavelmente nossos editores são elitistas demais para dar importância a isso.


quinta-feira, 1 de março de 2012

O poder de processamento dos tablets

Raspberry PI, o computador mais barato do mundo - página dessa imagem aqui

É certo que há coisas que só um computador de mesa pode fazer. Este blogueiro trabalha com programas de ambientação digital (CG) para criar imagens para livros. Mesmo num computador de mesa, algumas imagens demoram 70 ou 80 horas para serem renderizadas (1). Num notebook, mais ainda. Num netbook, quase impossível. Num tablet, totalmente impossível. Até porque esses programas só rodam em Windows, OS ou Linux. Não rodam em Android ou qualquer outro sistema operacional de tablets.

Os tablets foram feitos para atividades que exigem menos da máquina, como jogos, navegação na internet, receber e remeter e-mails, falar com outra pessoa pelo Skype, Gtalk ou msn, etc.

Então o computador de mesa (desktop) é hoje um computador de trabalho, embora os saudosistas como eu o usem para tudo. Enquanto que os tablets e eReaders são aparelhos mais ligados à diversão e descontração, e também aos estudos, já que eles podem armazenar uma enorme quantidade de livros.

Mas e o futuro? É inevitável que as máquinas fiquem cada vez menores e, ao mesmo tempo, mais potentes. Veja-se, por exemplo, o Raspberry PI, computador construído pela Fundação Raspberry PI - com apoio do Laboratório de Computação da Universidade de Cambridge. A versão mais simples custa U$ 25,00, e sua capacidade de processamento ultrapassa a maioria dos tablets.

Com a entrada da nanotecnologia na área de circuitos impressos, poderemos ter um computador potentíssimo que caberá no espaço de um botão de camisa.

Bom, agora, voltando ao presente, não se iluda achando que poderá abrir, num tablet, aquela planilha de 20 mb que você elaborou no notebook. Ainda não é possível. Também não se pode abir, no tablet, um programa como o Blender 3d ou o Vue 10 Complete (são os softwares que uso para criar imagens). Por outro lado, se você é da área administrativa, o tablet pode auxiliá-lo a guardar dados de clientes e funcionários, acessar e-mail - como dissemos antes - e elaborar textos. Pronto, lá se foi a separação de funções por água abaixo. O tablet, além da diversão e dos estudos, já começa a ser usado nos escritórios como ferramente de trabalho em certas áreas que, como mencionamos, não exigem grande capacidade de processamento ou memória.

(1) renderizar é gerar a imagem final de um programa de ambientação 3D.