sábado, 5 de dezembro de 2020

A obra de arte tem vida própria

 

O músico Philip Glass disse que, a partir de um certo ponto, a obra de arte ganha vida própria. O artista está ativo, sim, mas a obra também está e muitas vezes é ela, a obra, que decide a direção a tomar e, por mais que o artista tente puxar a criação para um lado, a obra insiste para manter o outro rumo. Se o(a) artista teima em comandar a obra de arte com mão de ferro, o que ocorre é que essa obra acaba com uma qualidade menor.

Isso não vale só para a música, mas também para a pintura, cinema, literatura, enfim, para qualquer tipo de expressão artística.

Os gregos explicavam isso através do símbolo das musas inspiradoras, que ajudavam na criação de arte. Essa imagem poética faz sentido. O artista se conecta com energias sutis que acabam por influenciar fortemente a obra, mesmo que o(a) artista não tenha consciência disso.

É como comandar um navio em meio a correntes oceânicas. O capitão do navio sabe que se tomar determinado caminho que pareça mais reto e lógico, gastará muito mais combustível para sobrepujar as correntes. Melhor tomar um caminho sinuoso, mais longo, em que o navio dança de modo suave com essas correntes, ao invés de lutar contra elas.

A obra de arte é o resultado dessa integração entre o indivíduo o artista e a energia da obra. Dessa integração nasce uma obra que muitas vezes é maior que o artista. Essa é a verdadeira Obra de Arte, que merece ser escrita com iniciais maiúsculas.

Quando você estiver escrevendo seu livro, ou compondo sua música, lembre-se disso. A obra tem vida, e você deve dançar com ela.

 

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