sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O rápido declínio do livro em papel


Para os que assistiram na tv, na década de 60, a série clássica Jornada nas Estrelas, os dias atuais são um verdadeiro filme de ficção científica transformado em realidade.

Basta lembrar dos famosos "comunicadores", largamente superados pelos nossos celulares e smartphones. Havia também as portas automáticas que, na época, nos parecia uma coisa impossível. Hoje, qualquer Shopping Center tem.

Um dos episódios se chamou "Corte Marcial". O capitão Kirk é acusado de matar um subordinado, o oficial de registros, tenente-comandante Ben Finney. Kirk vai a uma corte marcial e precisa provar sua inocência. Seu advogado, Samuel T. Cogley, é considerado um excêntrico, pois usa livros em papel.

Na cena em que o capitão se encontra com esse advogado, ele vê aqueles objetos sobre a mesa e pergunta algo como "o que são essas coisas?".

Na época, a cena pareceu bastante exótica. Mas o tempo dos livros em papel começa a acabar.

Agora os volumes em papel já têm um concorrente, o eBook. Na Amazon, por exemplo, o montante em dinheiro com vendas de eBooks já superou o de livros em papel. E lembremo-nos que os eBooks têm um preço unitário que é uma fração do preço do livro em papel. Ou seja, para que o eBook tenha ultrapassado o livro, a quantidade de eBooks vendidos teve que ser realmente muito, muito maior que o total de unidades vendidas de livros em papel.

Em agosto, durante um evento de tecnologia nos EUA, o cientista estadunidense Nicholas Negroponte decretou que o livro físico desaparecerá, como produto, em 5 anos. Ele ficará restrito a aficcionados, continuará a ser consumido em bolsões culturais. Mas como indústria, não será mais significativo.

Bem, é difícil prever o tempo que levará para o livro em papel deixar de ser relevante para a indústria. Mas uma coisa é certa: esse tempo chegará. Pode vir lentamente, como os CDs de música que, gradualmente foram tomando o lugar dos antigos LPs nas prateleiras das lojas de discos. Mas pode vir aceleradamente, como as câmeras fotográficas digitais substituíram as "antigas" câmeras com rolo de filme.

Essas recentes mudanças tecnológicas têm sido muito traumáticas para as cadeias produtivas associadas a elas.

O CD de música, que chegou tão mansamente, pedindo licença com toda a educação, foi destruído com fúria pela pirataria das músicas na internet. Gravadoras fecharam, estúdios faliram, músicos iniciantes tiveram suas carreiras cortadas.

Com o advento da foto digital, o pequeno comércio representado pelos laboratórios fotográficos foi violentamente abalado. Muitos faliram. Os fabricantes de filmes em rolo foram pegos de surpresa. Acabaram fechando o setor ou reduzindo drasticamente, mantendo apenas produção suficiente para atender à pequena demanda dos consumidores que ainda teimam em fotografar à moda antiga.

Aparentemente, com os livros, a subsituição do papel pelo formato digital será suave, pois muitos consumidores ainda gostam de sentir "o cheiro do livro". Meno male. Isso dará tempo às editoras para se adaptarem sem traumas ou abalos financeiros.

No entanto, aqueles editores que deixarem para amanhã ou depois de amanhã a entrada nesse novo mundo, acabarão por pegar um mercado já ocupado, terão que lutar mais duramente por um lugar ao sol.


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