terça-feira, 22 de novembro de 2011

A crise e o eBook



Notícia do jornal espanhol El País nos informa que a venda de eBooks na Espanha aumentou 40% em relação a 2010. São 13000 obras digitais, representando 15% do total de livros registrados pela Agência do ISBN, que corresponde à nossa Biblioteca Nacional.

O formato de arquivo mais utilizado nos eBooks vendidos é o epub, correspondendo a 60% do total das obras digitais. O formato pdf fica com apenas 31%.

Ora, a Espanha tem uma dívida externa de 160% do PIB (a nossa é de 38,8% do PIB). A Espanha tem uma reserva em dólares de menos de U$ 35 bilhões (a nossa é de U$ 350 bilhões). O desemprego na Espanha está em 23% e subindo (o nosso está em 7% e caindo). A Espanha está em uma difícil situação econômica!

Como se explica que um país em grave crise tenha um aumento de comercialização de eBooks? A notícia do El País não é muito clara sobre isso. Não sabemos se o total de títulos vendidos (juntando os dois formatos, em papel e digital) aumentou. Provavelmente não. Talvez a própria situação de crise explique esses dados. Um eBook é muito mais barato do que o livro em papel. Na Amazon temos eBooks sendo vendidos a U$ 0,99. O autor (assim como a Amazon) ganha na quantidade.

A venda de eBooks no Brasil está crescendo rapidamente. Mas muitos ainda preferem o livro em papel. Talvez porque o Brasil (e toda a América do Sul) estejam sentindo bem menos a crise, que se tornou uma crise especificamente da Europa e dos EUA, embora, logicamente, terá reflexos em todo o mundo. Por aqui, os livros são vendidos a preços como R$ 50,00 um livro de 250 páginas!! E há quem os compre. Muitos os compram. Não estamos em crise.

Talvez, nas próximas décadas, o livro em papel se torne um luxo para poucos, enquanto que o Ebook será um produto popular. Se um país estiver em crise, isso poderá ser medido pelo decréscimo da venda de livros em papel e proporcional incremento da comercialização de eBooks. Podemos fazer uma analogia com o cinema e o teatro. O cinema é mais acessível. O teatro é para poucos, pois é caro.

O teatro nunca deixará de existir. Mas será, para sempre, um pequeno nicho de mercado para um público específico. Por outro lado, o cinema fez muito sucesso durante a crise de 1929. Era barato e os desempregados, dessa forma, tinham uma diversão.

O cinema, aos poucos, passará a ser um cinema em casa, nos aparelhos de tv de parede inteira. Assim como o eBook, que se transportará para qualquer tipo de mídia que vier a ser criado. O livro em papel será uma mercadoria cada vez mais preciosa e cara.


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