quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O livro no Brasil

Pedro Herz, dono da livraria Cultura, deu entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Nessa rápida conversa ele emitiu opiniões sobre vários temas: livro, eBook, Amazon, Google Books. Assista a entrevista e, abaixo, voltamos a conversar.


Pedro Herz declara que a vinda do Google Books e da Amazon ao Brasil é algo que ainda está "bastante cru". Diz ele que ninguém sabe ainda como será esse modelo.

O fato é que as duas gigantes não dão ponto sem nó. Com certeza elas sabem muito bem como será o modelo. A concorrência é que ainda não sabe. O fato é que a Amazon vende muito bem, tanto livros em papel como eBooks, e o modelo de negócios é bastante ágil. Falaremos mais dele neste blog.
Herz lembra que a vinda das duas empresas ao Brasil mostra que o livro não morreu. Sim, livros continuam vendendo bem, assim como livros digitais. Mas acho que ele se referiu, principalmente, ao livro em papel. No decorrer da entrevista percebe-se que ele não é simpático ao eBook, ou não acredita nele como negócio.

O dono da livraria Cultura menciona que a Amazon tem um sistema de remuneração do autor de maneira direta, e que isso no Brasil não poderá ser aplicado. Por que não? No Brasil, o autor terá que ser eternamente o que menos ganha com a obra? Não concordo. E acho que a melhor coisa que o formato eBook pode fazer é remunerar melhor o autor. A Amazon já faz isso ao incluir, em seu catálogo, autores independentes e pequenas editoras.

A Editora Sucesso tem um título (Agressividade Infantil) que é comercializado em formato eBook pela Amazon. De forma alguma a Amazon se arvorou em dona do livro. Ao contrário, as exigências dela são grandes no sentido de ter certeza de que nós, da Sucesso, temos todos os direitos sobre o livro para poder disponibilizá-lo no site da Amazon.
Os eReaders e tablets são caros? Bem, se pensarmos em termos de iPad e Galaxy Tab, são mesmo caros. Mas o Kindle, o eReader da Amazon, custa U$ 199,00. Existem, no mercado, tablets a partir de R$ 200,00. Sinceramente, a elite paulista precisa pensar para além dos muros com cerca elétrica do bairro do Morumbi ou dos prédios de luxo cercados de seguranças armados do bairro de Higienópolis.

Ainda não é possível ter uma grande vendagem de eBooks? Sim, é verdade. Mas será que isso não se deve à própria política ainda tímida das editoras, pequenas ou grandes?

O livro é caro no Brasil, é verdade. Mas esse preço alto não pode ser debitado a impostos, como no caso de outros produtos. Afinal, o papel usado para os livros é o chamado "papel imune", sobre o qual o ICM é zero. Além disso, como é possível que um livro em papel custe, digamos R$ 40,00, e o mesmo título, em formato digital, custe R$ 38,50? Com esses preços, é óbvio que os eBooks não venderão muito e, pior, serão pirateados. O preço de um eBook, na opinião deste blogueiro, deve ser, no máximo, de 20% do valor do mesmo título em papel. Então, se o livro em papel custa R$ 40,00, o eBook deveria custar, no máximo R$ 8,00. A Editora ganhará na quantidade.

Com a política absurda de preços de eBook nas livrarias brasileiras, as vendas continuarão mirradas.

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