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Há uma tendência entre pessoas com mais idade a rejeitar tecnologia. Quando eu era criança o telefone fixo residencial começou a se popularizar. Pouquíssimas pessoas tinham telefone em casa. E não se interessavam em ter. Por isso, a Telesp ‒ empresa de telefonia de São Paulo na época ‒ publicava anúncios nos jornais com o slogan: "telefone não é luxo, é necessidade". Muitos rejeitavam aquele "exotismo". Principalmente os mais velhos. Alguns diziam: "eu nunca tive telefone e nunca me fez falta".
Atualmente, ninguém mais acha que ter telefone é luxo. Ao contrário, conheço idosos que só tem o telefone fixo, não usam celular, muito menos computador ou internet. E a desculpa é a mesma: "não preciso de celular, nunca tive, e não penso em ter".
Este escriba tem 65 anos. E jamais pensei assim. Tenho celular, computador, tablet, mesa de desenho, notebook, kindle. Logo no início dos celulares, comprei meu tijolão com tela de cristal líquido. Até hoje lembro dele com gratidão.
Quando surgiram os computadores pessoais, comprei um usado, com tela de fósforo verde. Na época, fiquei maravilhado. Percebi que aquilo era um grande poder em minhas mãos. E nem existia internet!
Aliás, voltando no tempo, lembro-me da minha primeira máquina de escrever Lettera 22. Até hoje ela está guardada. Mesmo ela já era um poder. Com ela fiz um cartaz de um pequeno negócio que eu tinha. Tirei cópias e distribui pelo bairro. Sem ela, eu teria que escrever à mão, ficaria um cartaz muito tosco!
Um amigo meu tem o seguinte conceito: à medida em que não quisermos conhecer coisas novas, estamos velhos. Talvez não velhos de corpo, mas velhos de mentalidade. Digo isso porque conheço pessoas jovens que também não querem aprender nada novo. Tudo bem, é um direito de cada um decidir sobre sua vida. Mas cada decisão traz consequências. A decisão de não ter computador e não ter celular provoca isolamento, a não ser que a pessoa viva, digamos, numa comunidade de agricultores na qual ninguém tem celular nem computador.
A espécie humana é uma espécie gregária. Vivemos em sociedade. Se optarmos pelo isolacionismo tecnológico, a consequência pode ser o isolamento social.