terça-feira, 2 de julho de 2024

 As editoras não têm mais como financiar o autor


 

Houve um tempo, no século passado, em que boa parte das editoras eram mecenas dos autores que acolhiam. Se a editora aceitava publicar o livro daquele autor, ela bancava todos os custos. O livro era entregue às livrarias, que os vendiam, e uma porcentagem da venda ia para o autor, que recebia diretamente em sua conta bancária. 

Havia exceções. Sempre houve casos em que o autor publicou o livro por conta própria. Monteiro Lobato publicou seus próprios livros, num momento em que o setor livreiro ainda não tinha força. Mas, a partir do momento em que as editoras cresceram e muitas se tornaram potências econômicas, a regra era essa, de que o autor não tinha que pôr a mão no bolso.

O mundo deu voltas, para o bem ou para o mal. Boa parte da população teve sua renda reduzida, inclusive a classe média, a que mais lê. Nem falar nos mais pobres. Estes acabam só comprando os livros didáticos das crianças, a duras penas. Com isso, muitas livrarias fecharam em todo o Brasil (e também em outros países). As que estão de pé, diversificaram: vendem eletrônicos, banners de parede, enfeites. Foi a forma que encontraram de sobreviver. 

As editoras não conseguiram mais seguir a velha tradição de financiar as publicações. Também aqui há exceções: livros como Harry Potter, 50 Tons de Cinza e outros que estão "na moda" são financiados, pois têm venda certa, devido ao bombardeio feroz da propaganda que os divulga. Mas o autor iniciante – ou às vezes não tão iniciante – não tem esse privilégio: tem que pagar à editora para ser publicado. 

Algumas editoras cobram um valor tão alto que inviabilizam a possibilidade de o autor auferir um retorno financeiro de sua obra. O autor fica só com a fama, mas não com a fortuna. As pequenas editoras, por outro lado, conseguem reduzir os custos a tal ponto que o valor pago pelo autor permite que ele comercialize seu livro e tenha lucro. 

Então, o panorama hoje é esse. Autores precisam se tornar parceiros das editoras, para juntos viabilizarem os livros. A editora precisa fazer um esforço para reduzir os custos, e repassar essa redução ao preço cobrado do autor. E autores precisam compreender a situação econômica dos dias atuais e aceitar a necessidade de pagar pela publicação.


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