sábado, 20 de setembro de 2025

Fragmentos, um livro para fazer pensar

 

Todos nós temos lembranças incontáveis de nossas vidas: dias na praia, na montanha, noites na varanda, no campo, um acontecimento que nos marcou profundamente ou nem tanto, alegrias, tristezas, cenas inusitadas, surpresas, espantos, percepções, intuições… são tantas as possibilidades!

Eduardo Elias Lusvarghi criou o livro Fragmentos, publicado pela Editora Sucesso, porque queria enxergar o mosaico de lembranças de sua vida e compreender o seu sentido. É o seu mosaico pessoal, mas que também reflete o mosaico de todos nós, no qual cada leitor pode se reconhecer em suas próprias memórias.

Nossas lembranças são como peças de um grande quebra-cabeça que carregamos conosco, guardadas em silêncios e memórias que, muitas vezes, só fazem sentido quando revisitadas. Cada fragmento, por menor que seja, compõe a história de quem somos, trazendo consigo reflexões e aprendizados.

É nesse emaranhado de recordações que reside a beleza da vida: enxergar, nas pequenas coisas, a grandeza da nossa própria existência. A vida não se apresenta como uma narrativa linear e perfeita; ela se revela em pedaços, flashes, lampejos de consciência que surgem em momentos inesperados. São esses recortes aparentemente desconexos que, reunidos, nos oferecem uma visão mais profunda de quem somos e para onde caminhamos.

Pensar nos fragmentos é perceber que a eternidade se esconde no instante, que o valor do tempo não está na sua duração, mas na intensidade com que foi vivido. Cada lembrança é como uma janela aberta para o infinito – e, ao olhá-la, reencontramos o sentido da vida em sua forma mais simples e, ao mesmo tempo, mais grandiosa.

Fragmentos é um livro que trata carinhosamente pedaços do passado de um ser humano, conferindo-lhes sentido e a certeza de que a vida é uma jornada preciosa. Um livro para fazer pensar. Para ler, guardar na estante e revisitar muitas vezes. A cada leitura, novas percepções estarão à espera do leitor.

E talvez seja essa a verdadeira missão de um livro que trata de nossos momentos pela vida: não apenas contar uma história, mas despertar em cada um de nós a coragem de revisitar a própria vida , reconhecendo, em cada fragmento, a plenitude da existência.


 

O Aconchego Como Aliado Criativo do Escritor

 

Para o escritor, o ambiente de trabalho é muito mais do que um espaço físico: é um santuário criativo. A importância do aconchego nesse ambiente vai além do conforto superficial: ele influencia diretamente a qualidade da escrita, a concentração e o bem-estar mental.

Um espaço acolhedor reduz a sensação de solidão muitas vezes inerente à escrita, transformando a solitude em tranquilidade produtiva. Quando nos sentimos seguros e confortáveis, a mente liberta-se de distrações e ansiedades, permitindo que as ideias fluam com mais naturalidade e profundidade.

Um dos conceitos mais belos sobre aconchego vem da Dinamarca: o hygge (pronuncia-se "hu-ga"). Mais do que uma palavra, é uma filosofia de vida que celebra momentos de calor, simplicidade e bem-estar. Hygge não exige luxo ou grande espaço; valoriza a atmosfera criada por luz suave, texturas macias e apreciação do momento presente. Para escritores, incorporar essa mentalidade significa encontrar prazer no processo criativo, em vez de focar apenas no resultado final, transformando a pressão em prazer.

Mesmo em espaços reduzidos, é possível cultivar aconchego. A chave está na intencionalidade. Velas ou luzes quentes de LED criam instantaneamente um clima íntimo. Um tapete fofo, uma cadeira confortável com almofadas e uma manta leve sobre os joelhos podem transformar um canto mínimo em um refúgio criativo. Objetos pessoais – como uma xícara favorita ou uma planta pequena – acrescentam identidade e calor visual sem ocupar área útil.

A rotina também se beneficia do aconchego. Estabelecer rituais simples – como preparar um chá antes de começar a escrever, ouvir uma playlist calma ou fazer pausas para contemplar a vista da janela – conecta quem escreve ao presente e reduz a pressão por produtividade. Esses pequenos gestos funcionam como transições entre o mundo externo e o universo interior da escrita, sinalizando para o cérebro que é hora de criar.

Em espaços pequenos, a organização é crucial. Será preciso lançar mão de alguns preciosos truques para criar aconchego e ordem: estantes verticais, caixas organizadoras, cores claras nas paredes e espelhos estratégicos que ampliam visualmente o ambiente – apenas para começar. O importante é que cada elemento tenha uma função prática ou emocional, nada deve ser meramente decorativo, mas contribuir para a sensação de refúgio e inspiração.

O aconchego, no entanto, não está confinado às quatro paredes. Escritores podem encontrá-lo mesmo em espaços abertos ou públicos, transformando um banco de praça num refúgio criativo. O simples ato de observar a vida ao redor, sentir o sol no rosto ou ouvir o murmúrio distante de pessoas pode ser profundamente hyggeligt. Basta um caderno, uma caneta confiável e talvez uma bebida numa caneca, quente ou fria, conforme o tempo, para criar uma bolha de intimidade com as próprias ideias, demonstrando que o verdadeiro aconchego é um estado de espírito que se leva para onde quer que se vá.

Ao abraçar o aconchego, o escritor não apenas melhora sua relação com o processo criativo, mas também fortalece sua resiliência emocional. Escrever torna-se um ato de cuidado consigo mesmo e com suas histórias. Como dizem os dinamarqueses, o hygge é a arte de construir intimidade com a vida e a intimidade é certamente algo que existe entre o autor e a sua obra.